Vês estas mãos? Mediram
a terra, separaram
os minerais e os cereais,
fizeram a paz e a guerra,
derrubaram as distâncias
de todos os mares e rios,
e, no entanto,
quando te percorrem a ti, pequena,
grão de trigo, andorinha,
não chegam para abarcar-te,
cansam-se alcançando
as palomas gémeas
que repousam ou voam no teu peito,
percorrem as distâncias das tuas pernas,
enrolam-se na luz da tua cintura.
Para mim és tesouro mais carregado
de imensidão que o mar e os seus racimos
e és branca e azul e extensa como
a terra na vindima.
Nesse território,
dos teus pés à tua fronte,
andando, andando, andando, eu passarei a vida.— PABLO NERUDA, “A Infinita”
Estas Mãos
01.02.2013