As you plaited the harvest bow
Hands that aged round ash plants and cane sticks
You implicated the mellowed silence in you
In wheat that does not rust
But brightens as it tightens twist by twist
Into a knowable corona,
A throwaway love-knot of straw.
And lapped the spurs on a lifetime of gamecocks
Harked to their gift and worked with fine intent
Until your fingers moved somnambulant:
I tell and finger it like braille,
Gleaning the unsaid off the palpable, And if I spy into its golden loops
I see us walk between the railway slopes
Into an evening of long grass and midges,
Blue smoke straight up, old beds and ploughs in hedges,
An auction notice on an outhouse wall —
You with a harvest bow in your lapel, Me with the fishing rod, already homesick
For the big lift of these evenings, as your stick
Whacking the tip off weeds and bushes
Beats out of time, and beats, but flushes
Nothing: that original townland
Still tongue-tied in the straw tied by your hand. The end of art is peace
Could be the motto of this frail device
That I have pinned up on our deal dresser —
Like a drawn snare
Slipped lately by the spirit of the corn
Yet burnished by its passage, and still warm.— SEAMUS HEANEY, “The Harvest Bow”
A Warm, Burnished Elegy
30.08.2013
Do Caos à Estrela
27.08.2013
Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante. Eu vo-lo digo: tendes ainda um caos dentro de vós outros.
— FRIEDRICH NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra
Entre Nós e as Palavras
14.08.2013
Entre nós e as palavras há metal fundente
Ao longo da muralha que habitamos
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar— MÁRIO CESARINY, “you are welcome to elsinore”
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